Japão incapacitado de caçar baleias no Oceano Antárctico

quinta, 13 janeiro 2011
Publicado em Notícias

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Todos os anos, o Japão desce ao Oceano Antárctico com o intuito de caçar mais de 1000 baleias, tendo cada época a duração de quatro meses aproximadamente (Dezembro a Março). A frota Japonesa é composta por 6 navios; três navios que caçam as baleais (Yushin Maru nº1, Yushin Maru nº2 e Yushin Maru nº3), um navio-fábrica que processa e empacota a carne a bordo (Nisshin Maru), um navio de segurança, que tenta afastar os activistas (Shonan Maru nº2) e um navio que transporta combustível para o resto da frota (Hiyo Maru, Oriental Bluebird, ou outro).

Depois de serem efectuadas as supostas pesquisas nas baleias caçadas, a carne é depois empacotada no próprio navio-fábrica para ser vendida no Japão. O dinheiro da venda da carne é então usado para financiar a expedição do ano seguinte e assim sucessivamente.
A passada época de caça foi pobre para os Japoneses, uma vez que as acções dos activistas da Sea Shepherd diminuíram o número de baleias caçadas em 50%, ou seja, de 1000 baleias esperadas, os Japoneses foram apenas capazes de caçar 500. Devido ao número reduzido de baleias caçadas na passada época, o Japão conseguiu apenas financiar a expedição de quatro navios, deixando o navio de segurança para trás. E como se não bastasse, a falta de um navio de abastecimento para a época de 2010/2011 atrasou a frota Japonesa que partiu 15 dias mais tarde. As dificuldades financeiras passadas pelo Instituto de Pesquisa de Cetáceos (entidade que gere as embarcações Japonesas), demonstram a efectividade das campanhas dos activistas, que por muito tempo foram consideradas inúteis.

Os activistas têm como principal táctica encontrar o navio-fábrica e persegui-lo (pois a caça é impossível enquanto o navio fábrica está em fuga), impedindo a transferência de baleias mortas para o mesmo, atacando o navio com garrafas de ácido butírico (uma substância com um cheiro desagradável) ou lançando cordas reforçadas na proa do navio para que estas se enleiem e travem a hélice. Os Japoneses consideram os Sea Shepherds "piratas" e consideram perigosas as suas acções. A frota dos activistas, que há alguns anos era composta por apenas um navio, o Steve Irwin, é agora composta por três navios; O Bob Barker (Antigo navio baleeiro, adquirido pela Sea Shepherd devido a uma doação de €5,000,000), Gojira (navio mais rápido, destinado a percorrer distâncias em busca dos Japoneses) e o Steve Irwin.

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A frota dos Japoneses chegou ao Oceano Antárctico no dia 31 de Dezembro de 2010, depois de ter dado uma volta maior para evitar a frota de activistas, volta essa que foi feita em vão. O fundador da Sea Shepherd, Paul Watson, antecipou a volta dos Japoneses, posicionando-se tacticamente no local previsto de chegada. No dia 1 de Janeiro de 2011, os activistas puderam interceptar os baleeiros antes que estes conseguissem começar a caçar, o que foi uma vitória de ano novo. Passaram 15 dias desde que os activistas encontraram a frota, mas a perseguição ao navio-fábrica continua. Dois navios baleeiros seguem a frota dos activistas enquanto os activistas seguem o terceiro navio baleeiro e o navio-fábrica. Paul Watson afirma que "Os dois navios que perseguem os nossos navios têm estado sobre constante vigilância e, sendo assim, não mataram quaisquer baleias". A dúvida permanece sobre a localização do terceiro navio baleeiro e do navio-fábrica. Paul Watson coloca ainda a possibilidade de o terceiro navio poder ter caçado alguma baleia, mas afirma que tal é improvável, pois tanto o terceiro navio baleeiro como o navio-fábrica se encontram em fuga, e sem tempo para pararem e prosseguirem a caçada.

No seguimento destes acontecimentos, a Sea Shepherd emitiu um pedido de ajuda à Greenpeace. Esse pedido visa apelar à Greenpeace para que traga pelo menos um navio para a Antárctida, de modo a interceptar o navio-fábrica. Com dois navios Japoneses sobre vigia, outro navio poderia procurar e encontrar os restantes dois, incapacitando toda a frota. Paul Watson pertenceu em tempos à Greenpeace, mas devido a actos considerados violentos, foi expulso, e criou a Sea Shepherd, a sua organização. Desde então que a Greenpeace se recusa a colaborar com a Sea Shepherd, mas Paul Watson pede ajuda não em nome da Sea Shepherd, mas em nome das baleias, afirmando que esta é uma chance de mostrar ao mundo que as pequenas e grandes organizações podem colaborar para mudar o mundo.
Durante a perseguição, a frota de activistas encontrou, por acidente, um navio de abastecimento, que foi mais tarde desmascarado como o navio de abastecimento da frota dos Japoneses. Os activistas acusam também os Japoneses de abastecerem em alto mar abaixo de 60º, algo proibido pelo tratado Antárctico. Foi por isso pedido ao navio de abastecimento que abandonasse a Antárctida, que imediatamente aceitou, e que foi escoltado pelo Gojira 50 milhas para Norte. Sem fonte de abastecimento, a frota Japonesa vê assim a sua época encurtada ainda mais até ao início de Fevereiro.

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Navio de abastecimento

 

Nesta época estima-se que a cota de baleias (que chega ás 1000 baleias) seja diminuída em 2/3, e Paul Watson promete permanecer na companhia da frota Japonesa, até que esta decida voltar para o Japão.

Esperemos que a Greenpeace ajude a Sea Shepherd a acabar com esta barbaridade que decorre todos os anos nas nossas "barbas", e que nenhuma baleia tenha de ser trespassada pelo arpão.

Guilherme Estrela

Apaixonado pela Natureza, especialmente pelo mar, sou um activista fervoroso e sou contra qualquer crime cometido contra os animais. Os cetáceos fascinam-me mais do que qualquer outra coisa neste planeta e toda a minha vida gira à volta deles. guilhas@golfinhos.net (e-mail) gui_estrela_scp@hotmail.com (MSN e e-mail)