Lourinhã salva golfinho numa operação que envolveu diversas entidades: Devolvido ao mar pela segunda vez.
Numa operação coordenada pelos Serviços Veterinários Municipais da Lourinhã, foi salvo um golfinho comum que deu à costa com vida na Praia de Vale Frades, no passado dia 31 de Março, tendo sido transportado pelos Bombeiros Voluntários da Lourinhã (BVL) para o Porto de Pesca de Peniche.
Técnicos da Reserva Natural da Berlenga (RNB) transportaram-no para o alto mar, numa lancha, e devolveram-no à liberdade. Dois dias antes, este mesmo golfinho foi encontrado arrojado na Praia do Navio, em Santa Cruz, Torres Vedras, tendo então a Polícia Marítima transportado o animal numa viatura de caixa aberta, devidamente acondicionado, para o Porto de Pesca de Peniche. Os técnicos da RNB fizeram a mesma operação aqui, longe de perspectivarem que o fariam novamente dois dias depois.
Como não houve qualquer relato de arrojamento de um golfinho nos dias seguintes, há possibilidades do animal ter conseguido sobreviver.
O alerta da presença do golfinho junto às rochas da Praia de Vale Frades foi feito pelas 9h00 aos militares do Posto de Paimogo da Brigada Fiscal da GNR, que rapidamente se deslocaram ao local e tentaram, sem sucesso, conduzir o mamífero para o mar alto. A forte rebentação foi um obstáculo intransponível para o golfinho.
A meio da manhã os Serviços Veterinários Municipais recebiam a notícia, via Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), em Lisboa, da existência de um golfinho arrojado.
Jorge Barros, veterinário municipal, deslocou-se ao local. Com o apoio dos militares da GNR e, posteriormente de dois técnicos da RNB e dos BVL, foi decidido transportar o golfinho para o Porto de Peniche e, daí, numa lancha do ICNB, para o mar alto. Uma maca e uns cobertores molhados substituíram um velho plástico para transportar o animal até ao seu habitat natural. O animal estava naturalmente stressado, por estar fora do seu ambiente natural, mas, apesar do cansaço, aparentava ter muito vigor.
Estão por explicar as razões que levaram este golfinho a arrojar na nossa costa.
Tratava se de um exemplar juvenil, macho, com menos de metro e meio de comprimento. Poderá ter-se perdido do grupo e, com dificuldades de orientação e de caçar, terá sido arrastado pelas correntes marítimas até à costa. Pertence à família dos cetáceos mais comum ao longo da nossa costa, incluindo os Açores e a Madeira. Em adulto, o seu peso varia entre 75 a 85 kg, mas há registos até 135 kg, alimentando-se de peixes, preferencialmente sardinha, polvos, lulas, chocos e camarões.
Os machos são ligeiramente maiores que as fêmeas podendo atingir 2,6 metros e chegar aos 30 anos de idade.
Ao longo dos anos são muitos os golfinhos que morrem em capturas acidentais em redes de pesca, capturas intencionais e poluição dos oceanos. É muito raro encontrar-se com vida um golfinho arrojado na nossa costa. Segundo o veterinário Jorge Barros, “a maior parte das vezes, quando nós somos contactados, os golfinhos já se encontram mortos. Muitas vezes estão a desfazer-se por terem estado muito tempo mortos no mar e depois acabam por embater muitas vezes nas rochas durante muito tempo”.
Sobre a operação de salvamento do cetáceo, não tem dúvidas de que neste caso “é preciso ter-se sorte, pois é raro encontrar-se um golfinho na costa com o vigor que este tinha”. Mas tudo foi feito para que a operação fosse coroada de sucesso.